As tramitações sobre a Reforma da Previdência e Trabalhista no Congresso estavam a todo vapor e até com datas definidas para serem votadas. Mesmo assim, as centrais sindicais e demais entidades representativas de trabalhadores da iniciativa pública e privada também continuaram pressionando os deputados para negociar ou até barrar o texto da matéria.
O deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), em reunião com lideranças no começo do mês, trouxe um panorama do clima na Câmara dos Deputados. Segundo o deputado, “as manifestações do dia 28 de abril e 1º de maio causaram um sentimento de muita preocupação na casa.” Logo após os dois atos, as centrais marcaram uma terceira mobilização para o dia 24 de maio.
Entretanto, na última semana, as delações da JBS contra Michel Temer e o senador Aécio Neves, abalaram ainda mais as estruturas do governo e a mobilização de ontem se intensificou. Aproximadamente 100 mil pessoas tomaram os gramados da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para manifestar a indignação e repulsa ao governo.
A Pública, representando todas as entidades e servidores públicos do Brasil, foi a primeira a chegar no local e marcaram presença durante o ato. Em um discurso emblemático, o presidente da Assetj, José Gozze mandou um recado ao palácio em nome de todos os brasileiros. “Deputados, senadores, presidente, menos de um terço de vocês não tem legitimidade para continuar no Congresso. Se afastem, vão embora antes que o povo tirem vocês daí na marra. Hoje nós estamos colorindo Brasília porque queremos justiça, porque somos contra as reformas feitas contra os trabalhadores”, exaltou.
Além das entidades filiadas à Pública, os deputados federais Alessandro Molon (REDE/RJ), Vicentinho (PT/SP) e a deputada Erika Kokay (PT/DF), discursaram no caminhão de som da Central e apoiaram a mobilização.
Confrontos
No período da tarde, alguns black blocs infiltrados no protesto entraram em confronto com a polícia, o que causou apreensão nos manifestantes. Em nota, o presidente da Pública, Nilton Paixão, repreendeu a ação dos militares. “Em hipótese alguma é aceitável reação indiscriminada de uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha dirigidos a senhores, senhoras e jovens que representam setores organizados e respeitáveis da sociedade”, ressaltou.